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26 de janeiro de 2009

outono



Uma vez um homem encontrou duas folhas e entrou em casa segurando-as com os braços esticados dizendo aos pais que era uma árvore.
Ao que eles disseram então vai para o pátio e não cresças na sala pois as tuas raízes podem estragar a carpete.
Ele disse eu estava a brincar não sou uma árvore e deixou cair as folhas.
Mas os pais disseram olha é outono.

(Russell Edson In O Túnel)


2 de julho de 2007

um porto em montpellier

Matias, Christel, David e Sonia. Pessoas numa casa. Uma família.
























Un port est un séjour charmant pour une âme fatiguée des luttes de la vie. L’ampleur du ciel, l’architecture mobile des nuages, les colorations changeantes de la mer, le scintillement des phares, sont un prisme merveilleusement propre à s’amuser les yeux sans jamais les lasser. Les formes élancées des navires, au gréement compliqué, auxquels la houle imprime des oscillations harmonieuses, servent à entretenir dans l’âme le goût du rythme et de la beauté. Et puis, surtout, il ya une sorte de plaisir mystérieux et aristocratique pour celui qui n’a plus ni curiosité ni ambition, à contempler, couché dans le belvédère ou accoudé sur le môle, tous ces mouvements de ceux qui partent et de ceux qui reviennent, de ceux qui ont encore la force de vouloir, le désir de voyager ou de s’enrichir.

Le Port
Le Spleen de Paris, XLI
Charles Baudelaire

8 de junho de 2007

a bailarina russa



Uma bailarina russa que tinha setenta anos e ensinava dança pelas escolas, foi seguida por um jovem, seduzido por sua figura esguia e arrebatadora.
Para não ser alcançada, correu até casa e, ofegante, fechou-se no apartamento. A filha jovem interrogou-a sobre o sucedido.
“Uma coisa extraordinária”, responde a velha mãe. “Um rapaz seguiu-me e eu não quis que descobrisse meu rosto para não o desiludir com a minha idade. Vê pela janela se ele ainda está no passeio”.
A filha foi à janela e, sobre a estrada, depara com um velho que olhava para cima.


Tonino Guerra
in Histórias para uma noite de calmaria
(Assírio & Alvim)

18 de fevereiro de 2007

o brincador







Quando for grande, não quero ser médico, engenheiro ou professor.

Não quero trabalhar de manhã à noite seja no que for. Quero brincar de manhã à noite, seja com o que for. Quando for grande, quero ser um brincador.

Ficam, portanto, a saber: não vou para a escola aprender a ser um médico, um engenheiro ou um professor. Tenho mais em que pensar e muito mais que fazer. Tenho tanto que brincar, como brinca um brincador, muito mais em que sonhar, como sonha um sonhador, e também que imaginar, como imagina um imaginador.

A minha mãe diz que não pode ser, que não é profissão de gente crescida. E depois acrescenta, a suspirar: "é assim a vida". Custa tanto a acreditar. Pessoas que são capazes, que um dia também foram raparigas e rapazes, mas ja não podem brincar.

A vida é assim? Não para mim. Quando for grande, quero ser um brincador. Brincar e crescer, crescer e brincar, até a morte vir bater à minha porta. Depois também, sardanisca verde que continua a rabiar mesmo depois de morta. Na minha sepultura, vão escrever: "Aqui jaz um brincador. Era um homem simples e dedicado, muito dado, que se levantava cedo todas as manhãs para ir brincar com as palavras."

Álvaro Magalhães

uma rosa e três vulcões



















Adieu, dit le renard. Voici mon secret. Il est très simple: on ne voit bien qu'avec le cœur. L'essentiel est invisible pour les yeux. C'est le temps que tu as perdu pour ta rose qui fait ta rose si importante.

Le Petit Prince - Antoine de Saint-Exupéry