31 de maio de 2007

uma espécie de loja













Um novo projecto, com muito pano :)

adriana



















A minha afilhada veio visitar-me. Pediu-me corações brilhantes.
Não tinha como negar-lhos!


30 de maio de 2007

rios e quintas



















A propósito da pintura do lado. Gosto destes padrões desenhados pelo Homem.
Duas vistas aéreas, uma sobrevoando a zona de Coruche em balão, a outra num centro comercial. Um pavimento que decerto foi projectado por alguém que aprecia igualmente estas mantas de retalhos.

a primavera está estragada...

um sorriso de portugal

um sorriso

perde-se o meu rio

eu queria que o meu rio
desse a volta ao mundo
a este mundo e a outro mundo
e ao meu mundo
que o meu rio fosse caminho para o céu

perde-se o meu rio no mar que tu cantas
tela branca
palco vazio
onde queria chegar ao altar

sim, encontro o teu nome.

tomara eu conhecer a côr que se esconde
a côr que encontra outra côr
nesta intersecção

um futuro não é frase feita
é romance.
não é mentira
é suposição.

dar-te a minha mão.
e o medo
o medo da entoação do teu não





no verde oscilar das coisas
entendo o vazio claro




aí voltei


e sou em mim um sorriso

quase consigo
quase consigo



Da tree.
Temos mais poesia na nossa morada virtual.

28 de maio de 2007

uma lua e duas estrelas




















Esta fotografia, tirei-a da janela do meu quarto. Só consegui apanhar uma lua e duas estrelas. Mas não se deixem enganar, havia muitas mais! Estrelas, claro. Consegui contar umas dez! Mas já ouvi dizer que são mais de vinte! Não sei se acredito... Lua dizem que só há uma. Mas posso desenhar mais…
O meu pai diz que nos desenhos tudo pode acontecer. E dá o exemplo do Super-Homem, que voa mas não existe. Mas ainda no outro dia o vi na televisão! De carne e osso. Digo que sim ao meu pai para ele não ficar triste mas acho que devia arranjar outro exemplo. E a lua é a mesma coisa: basta empurrar o meu olho um bocadinho com o dedo e vejo logo duas. Acho que estão sempre lá, mas uma escondida atrás da outra a descansar. E vão trocando. Mas muito depressa para ninguém ver! Sei que isto é verdade porque me disse o meu amigo João. E ele sabe tudo: o pai dele é presidente da junta. Não sei o que é mas deve ser importante. O meu pai diz que ele é um borra-botas. Também não sei o que quer dizer, mas se calhar passa a vida a pisar cocó.
No outro dia também pisei cocó. A minha mãe disse que dava sorte. Isto é como o meu pai diz: não há sorte sem sacrifício. Depois cheirava mal no carro. Mas já estávamos a vir embora. E nesse dia deitei-me tarde como os adultos! Eram vinte e três e vinte e três e ainda não tinha adormecido! Acho que adormeci pouco depois. Mas antes ainda tirei esta fotografia.

cuchulainn, o irlandês
























Há muito, muito tempo, numa altura em que a Irlanda estava dividida em cinco províncias, cada uma com o seu monarca, o governo das terras era atribuído ao membro do casal real que tivesse mais bens próprios. Medb, a rainha de Connacht e uma das mais poderosas rainhas da ilha, ao perceber que o seu marido, Ailill, era mais rico pela diferença mínima de um touro, decide conseguir um, custe o que custar. Mas não era um touro qualquer. Diziam que um igual só havia no Ulster, a província do Norte.

Ao perceber que o proprietário do touro não estava disposto a cedê-lo por contrapartida alguma, Medb decidiu reunir os exércitos das quatro províncias e invadir o Ulster para ter o touro pela força. Indo contra a profecia dos druidas, que viam o seu exército tingido de sangue pela mão de um único homem, decide avançar. Afinal, eram quatro exércitos contra um e seria impossível um só homem derrotar os melhores guerreiros da ilha. Ao chegar à fronteira do Ulster, avistaram um adolescente que na sua charrua contornou os exércitos pela esquerda. No código guerreiro irlandês isto significa que esta criança estava a declarar guerra aos exércitos da Rainha Medb.

Medb continuava a não ouvir as profecias. A partir daí, todas as noites mais de 100 homens apareciam mortos e o exército não avançava nem um palmo. Quem era esta criança? Pois, não era um adolescente qualquer, era Cuchulainn. Diziam que quando se enervava, o quadril e os pés viravam-se para trás, as tripas ficavam à vista, um olho entrava e o outro saía das órbitas e o corpo inchava de tal forma que duplicava de tamanho. Como demonstração de boa vontade, Cuchulainn propôs à Rainha Medb que todas as manhãs enviasse um único soldado para o combater. Enquanto durasse o combate, tinha autorização para procurar o touro. Como é óbvio rapidamente os soldados eram mortos e o exército não se movia. Mas no dia em que, usando os poderes persuasivos e turvadores do álcool, Medb convence Ferdiad, irmão de Cuchulainn, a enfrentá-lo, tudo muda...

Esta é uma parte do conto "Táin Bó Cúailnge", da mitologia irlandesa. "A melhor história do mundo!" dizem os irlandeses. Não sei se é mesmo a melhor do mundo, mas não é nada má... Está neste momento em cena na cave do restaurante/galeria/espaço cultural Le Baloard, em Montpellier, representado por Julien Masdoua, da Compagnie du Capitaine, que conta a história, e por Robert Tousseul, que a canta. E eu fui ver.

Acabou com esta música, nada mitológica:



E a imagem lá de cima é Cuchulainn, representado por John Duncan.

27 de maio de 2007

este é o rio da minha aldeia










O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêm em tudo o que lá não está,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.

Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

Alberto Caeiro

o senhor zangado



















(visto do balão, Coruche)

sons às rodelas (# 11)



















The Cure - Disintegration (Elektra, 1989)

"Most of the time I'm a professional idiot. I really don't care about what other people think, which can be a bad thing."
Robert Smith, em entrevista à revista The Hit em 1985.

não havia necessidade...


















Na remodelação deste prédia da baixa portuense* tiveram o bom-senso de deixar intocável o belíssimo chão de mosaico hidráulico (as fotos não estão grande coisa porque foram tiradas ao anoitecer). Pena que o mesmo bom-senso não tenha sido aplicado na escolha dos novos azulejos para a parede...

+

*na Rua dos Mártires da Liberdade (curiosamente, a minha primeira morada no Porto!)

PS: para quem se quiser deslumbrar com mais padrões, há um grupo no Flickr dedicado a este tipo de revestimento.

26 de maio de 2007

eu fui ao jardim da sereia


















Giroflé, giroflá!

Foi durante demasiado tempo um grande supermercado de droga. Felizmente a Câmara investiu na sua reabilitação, com resultados visíveis. Não é um dos espaços mais procurados na cidade, mas é bem vivido por quem gosta de espaços verdes e calmos. Hoje, por exemplo, cruzei-me com um par a praticar uma luta de paus e um grupo de amigos no que parecia ser um tempo de lazer depois de um pic-nic: jogos de cartas e da malha (ou outro jogo tradicional semelhante).

Agora, senhores da Câmara, só falta restaurar as estátuas. Se o Pessanha perde mais uma letra que lhe identifica o busto já ninguém o identifica a ele!



































(e mais algumas fotos)

25 de maio de 2007

24 de maio de 2007

puxar dos galões

















contra a corrente

Hoje esbarrei-me contra uma velha ao cruzá-la no passeio. Sempre tive dificuldade em cruzar gente. Enquanto escolho naturalmente a esquerda, o mundo de destros escolhe a direita. Isso ou o meu eu social reprimido tenta forçar-me a interagir com as pessoas. Se sim, esse eu inconsciente podia ser mais selectivo. As velhas agradeciam.

22 de maio de 2007

inúteis como os mortos*



















Por existir me cegam,
Me estrangulam,
Me julgam,
Me condenam,
Me esfacelam.
Por me sonhar em vez de ser me insultam,
Por não dormir me culpam
E me dão o silêncio por carrasco
E a solidão por cela.
Por lhes falar, proíbem-me as palavras,
Por lhes doer, censuram-me o desejo
E marcam-me o destino a vergastadas
Pois não ousam morder o meu corpo de beijos.

Passo a passo os encontro no caminho
Que os deuses e o sangue me traçaram.
E negando-me, bebem do meu vinho
E roubam um lugar na minha cama
E comem deste pão que as minhas mãos infames amassaram.
Com angústia e com lama.

Passo a passo os encontro no caminho.
Mas eu sigo sozinho!
Dono dos ventos que me arremessaram,
Senhor dos tempos que me destruíram,
Herói dos homens que me derrubaram,
Macho das coisas que me possuíram.

Andando entre eles invento as passadas
Que hão-de em triunfo conduzir-me à morte
E as horas que sei que me estão contadas,
Deslumbram-me e correm, sem que isso me importe.

Sou eu que me chamo nas vozes que oiço,
Sou eu quem se ri nos dentes que ranjo,
Sou eu quem me corto a mim mesmo o pescoço,
Sou eu que sou doido, sou eu que sou anjo.

Sou eu que passeio as correntes e as asas
Por sobre as cidades que vou destruindo,
Sou eu o incêndio que lhes devora as casas,
O ladrão que entra quando estão dormindo.

Sou eu quem de noite lhes perturba o sono,
Lhes frustra o amor, lhes aperta a garganta.
Sou eu que os enforco numa corda de sonho
Que apodrece e cai mal o sol se levanta.

Sou eu quem de dia lhes cicia o tédio,
O tédio que pensam, que bebem e comem,
O tédio de serem sem nenhum remédio
A perfeita imagem do que for um homem.

Sou eu que partindo aos poucos lhes deixo
Uma herança de pragas e animais nocivos.
Sou eu que morrendo lhes segredo o horror
de serem inúteis e ficarem vivos.

Queixa e imprecações dum condenado à morte, Ary dos Santos

*Inúteis como os mortos é o título de uma peça de teatro escrita por Cunha de Leiradella em 1965.

21 de maio de 2007

s: selos, solum


















O gosto pelos selos já é antigo na família mas o prazer de os usar para mandar postais mais bonitos é recente e surgiu da arte de outros postcrossers. Estes são as aquisições de hoje, vendidos também com simpatia aqui mesmo em frente, na estação dos correios da Solum. Mantém-se o peto verde e vieram duas novas colecções, de património cultural nacional e património afectivo internacional.

Esta última colecção, intitulada Europa 2006 - Integração das Minorias vista pelos Jovens, foi lançada em Maio do ano passado e fez parte de um conjunto de iniciativas relacionadas com o dia da Europa, 9 de Maio, comemorando-se os 50 anos de união Europeia. Entre muitas homenagens e celebrações, houve também espaço para desbravar preconceitos raciais. Ficaram os selos, aos poucos vai ficando a atitude.

morte lenta #2

Ontem afinal só morri metade outra vez, o que me deixa um quarto para regenerar o resto.
Na boa...

20 de maio de 2007

postais cruzados com selos bonitos


















É verdade que a simpatia dos meus amigos da estação dos correios dos Restauradores tornou a compra destes selos num acto bastante mais moroso do que o intencionado. Mas os meus postais vão tão mais bonitos desde que lá fui!

Só não me tornei uma cliente assídua porque Lisboa fica muito mais longe do que eu gostaria. E agora que estes selos já acabaram, espero amanhã ter a mesma sorte na estação dos correios da Solum.

rosa negra*




















*figurado: funesta; fúnebre; tétrica

uma palavra em doze línguas (#9)


eu imagino, tu imaginas





E eles fazem o Imaginarius.
Em Santa Maria da Feira. Mais um festival de teatro de rua. Mais uma boa ocasião para um convívio fora do hábito. Estava frio mas havia mais razões para estarmos animados.

+, +, + e +!

hesitações



...
Qual o caminho a seguir quando não se sabe por que caminho se quer seguir?

18 de maio de 2007

outras imagens para ternura

Que meninas tão doces.

eco-comércio



Saco de (e com!) compras do Armazém dos Linhos. Uma deliciosa surpresa.

Rua de Passos Manuel, Porto.

17 de maio de 2007

sons às rodelas (# 10)


















Suzanne Vega - Solitude Standing (A&M, 1987)

"My idea of a perfect folk song is something in a minor key with a tragic ending - preferably suicide or madness. Something with no chorus. Something with sex and violence."
Suzanne Vega, aqui.

14 de maio de 2007

morte lenta

Ontem morri metade.
No próximo Domingo morro o resto.

13 de maio de 2007

awake







Awake.
Shake dreams from your hair, my pretty child, my sweet one
choose the day, and choose the sign of your day,
the day's divinity, first thing you see.

A vast radiant beach and cooled jeweled moon
couples naked race down by it's quiet side
and we laugh like soft, mad children,
smug in the wooly cotton brains of infancy.
The music and voices are all around us.

Choose, they croon, the Ancient Ones, the time has come again.
Choose now, they croon, beneath the moon, beside an ancient lake.

Enter again the sweet forest.
Enter the hot dream, come with us.
Everything is broken up and dances.

Indians scattered on dawn's highway bleeding.
Ghosts crowd the young child’s fragile eggshell mind.

We have assembled inside this ancient and insane theater
to propagate our lust for life and flee the swarming wisdom of the streets.

The barns have stormed, the windows kept
and only one of all the rest
to dance and save us from the divine mockery of words.
Music inflames temperament.

Oh great creator of being,
grant us one more hour
to perform our art and perfect our lives.

We need great golden copulations.

When the true king's murderers are allowed to roam free
a thousand magicians arise in the land.
Where are the feasts we were promised?

Thank you oh lord for the white blind light.
Thank you oh lord for the white blind light.
A city rises from the sea
I had a splitting headache
from which the future is made.

The Ghost Song, Jim Morrison/The Doors

artesanato & artesãos



A VII Feira de Artesanato
começou na sexta-feira. Apesar da tenda gigante na Praça da República ser uma péssima opção para a realização destes eventos, fui lá.

Gostei de rever o Sr. José, a quem comprei uma "almofada" de esparto e o Sr. António, que vende os seus sapatos com um grande e muito simpático sorriso.

Comigo vieram um funil do Sr. Manuel, um lindo pano com bordados de Viana da Sra. Armanda e um prato de barro pintado do Sr. Adelino.

E a merenda ontem foi requintada: arroz doce, queijo do Rabaçal e corno (um pão parecido com os folares mas que leva canela, feito artesanalmente em várias terras aqui perto).

sépia



cores de serralves























nos jardins

























no museu (instalação de Katharina Grosse)

Aqui, tudo sobre Serralves.

12 de maio de 2007

mocho-orelhudo













Silhueta de Bubo virginianus, uma espécie de coruja de grande porte. Recebeu o nome pelo facto de ter sido inicialmente observada no estado da Virgínia, Estados Unidos da América. O nome vulgar de mocho-orelhudo vem dos tufos de penas que possui no topo da cabeça e que fazem lembrar orelhas. No entanto, não têm qualquer função auditiva. É uma ave de ampla distribuição, encontrando-se em toda a América do Norte, Central e do Sul, até ao Brasil.

Mas... estávamos na Serra da Estrela! Era só uma ilusão.

uma palavra em doze línguas (# 8)





aurinkokello
sluneční hodiny
cadran solaire
sunčani sat
cолнечные часы
sonnenuhr
นาฬิกาแดด
solur
zonnewijzer
sundial
meridiana
مزولة

o labirinto do fausto

- Olha quem é ele!
- Olá Manel.
- Tudo bem? Não tens boa cara...
- Não ando nada bem! Doenças, doenças, não sei o que se passa… Ainda onte fui ó médico e ele lá disse o que eu tinha mas não apartei nada… Fiquei a navegar
- A navegar ou a ver navios?
- Isso, isso…
- Mas ó pá, também não estamos a caminhar para mais novos!
- Olha, essa é que é essa… E tu, como vai isso?
- Nunca pior... Desde a operação à ciática que me sinto muito melhor… Imagina tu que no último fim-de-semana até fui pescar! Já nem me alembrava da última vez em que tinha pegado na minha cana.
- Muito me contas! Para onde fostes?
- Ali para o Rio Maior. Desde as obras aquilo ficou bonito. Limparam o rio, está tudo muito verde… Não fosse a minha idade até arriscava mergulhar. Disso tenho saudades…
- Oh! Saudades tenho eu daquelas festas que fazíamos no antigamente, quando éramos novos… Se me apanhava agora cinquenta anos mais novo…
- Nem me fales de festas! Antes d’ontem fui à carmesse do teu lar…
- Pois, eu estava muito mal, não pude ir…
- Foi no salão paroquial. Sabes, para engariar… para juntar dinheiro para irmos ver as amendoeiras em flor. E como de costume houve bailarico. E não é que a Alzira, dos dali de baixo, do Zabumba, veio toda lampeira puxar-me para dançar…
- A Alzira tem bom corpo
- Isso era em antes! Agora, bom corpo, só se for para cavar batata, home! Mas, aqui entre nós, aquilo já foi do melhor. Agora… Está tudo velho…
- Como nós!
- Mas para as mulheres em quatro tempos tudo muda… Sinceramente, a Alzira está acabada... Bom, mas é melhor calar-me porque a terra é pequena e as paredes têm ouvidos.
- Olha, nisso vou dar-te razão. É melhor ficarmos por aqui…
- Sabes, ela até tentou dar-me um beijo e
- Ó home, já te disse que não quero saber! A Alzira quando enviuvou desvairou.
- Pronto, não se fala mais nisso. Vamos então ficar por aqui…
- É… Ir por esses caminhos só nos mete em trabalhos…
- Olha, ao menos, no fundo, diverti-me …
- Olha, e é isso que se quer… Que isto da vida de repente já não é…
- Isso é que é uma grande verdade! Às vezes queria voltar ao tempo… sei lá… em que tocávamos no rancho…
- Ó home, isso é que eram tempos! Com a minha viola… E a Albertina a cantar…
- A Albertina-cana-rachada?
- Sim… Recordo-me como se fosse hoje… Eu era muito verde nessa altura… Se soubesse o que sei agora…
- É que nem tocar conseguíamos… Estávamos ali a navegar
- A navegar ou a ver navios?
- Isso, isso…
- Olha, sabes o que te digo?
- …
- Não te digo nada, é o que eu te digo…

9 de maio de 2007

sons às rodelas (# 9)



















Peaches - The Teaches of Peaches (Kitty-Yo, 2000)

"Sex is one of the five basic needs in life and one of the only two that involve another person. You need to eat, you need to sleep, you need shelter, you need to belong, and you need to have sex. Those are actually the five basic needs."
Merrill Nisker, aqui.

8 de maio de 2007

amor dos fogos
























.... vêm sôfregos os peixes da madrugada
beber o marítimo veneno das grandes travessias
trazem nas escamas a primavera sombria do mar
largam minúsculos cristais de areia junto à boca
e partem quando desperto no tecido húmido dos sonhos
.... vem deitar-te comigo no feno dos romances
para que a manhã não solte o ciúme
e de novo nos obrigue a fugir....
.... vem estender-te onde os dedos são aves sobre o peito
esquece os maus momentos a falta de notícias a preguiça
ergue-te e regressa
para olharmos a geada dos astros deslizar nas vidraças
e os pássaros debicarem o outono no sumo das amoras....
.... iremos pelos campos
à procura do silente lume das cassiopeias...

Amor dos Fogos, Al Berto

o anti-progresso



















Era a primeira vez que saía de Portugal. "A vida aqui é que é", dizia-lhe o primo João. Era com ele que ia trabalhar. Ouvira dizer que o patrão era um tipo simpático que até nem explorava muito a mão de obra que trazia de Portugal. Só não pagava as horas extraordinárias, que obrigava a fazer, nem subsídio de refeição. Ah, e o salário era metade do mínimo em França, mas ainda assim bastante melhor do que poderia algum dia obter em Portugal. Mas seria o melhor momento para partir? Em Portugal a ditadura estava moribunda e a pressão social já se fazia notar. Diziam que tudo ia melhorar em breve mas não se podia falar muito nisso. E seria a França o melhor país para viver? "Pensava que a tendência natural da sociedade é sempre o progresso." O recém eleito presidente francês, Nicolas Sarkozy, metia-lhe medo. Ainda por cima tinha-o visto na televisão ao lado de um meco de estrada e não conseguiu distinguir muito bem os dois. Aliás, o discurso do meco de estrada foi bem mais cativante. Talvez porque a camisola às riscas vermelhas e brancas o fez pensar no seu Benfica. O futuro não parecia nada risonho...

les gens qui vivent à figuerolles ne sont pas là par hazard #2


























Figuerolles aqui...

7 de maio de 2007

ainda por falar em mães

















Aqui está outra vez a minha, de fato-de-banho às riscas verticais, talvez na praia da Figueira da Foz. Bonita.
Quem encontrou a foto foi a prima Joani que, não reconhecendo a tia, a usou para divulgar uma festa de passagem de ano. (fiquei com uma mãe com cabeça de estrela :)














(mais fotos bonitas da colecção da Joana, aqui)

feito à mão, com carinho


















Da filha para a mãe. Prendas preparadas com tempo. A lição é a mesma que a da rosa: é o tempo que lhe dedicamos.

E ainda tive direito a pequeno-almoço na cama! Cheiroso.

6 de maio de 2007

perder um dia



Apaguei sem querer todo o cartão, perdi todas as imagens que documentavam o meu dia 5 de Maio... Apesar de tudo, não foi tão grave como perder 4 anos de memórias.
Mas das consequências, fico com pena de não poder guardar a primeira ida da Mariana ao Penedo da Saudade, algumas imagens da Feira do Livro e do CAV e de já não me poder juntar ao grupo do Flickr. Fica o Alex como representante dos meus contactos. Ele não é pro por acaso!
Quanto à lição a tirar.... só se for "não faças nada ao acordar quando o sono deixou de ser teu amigo há alguns anos".

(imagem: sleeper, de Paula Rego)

5 de maio de 2007

olha!

Uma alternativa ao academismo reinante por estes dias: inagura hoje uma nova exposição no Centro de Artes Visuais (CAV).
Edit! A primeira parte de uma selecção de fotografias e filmes da Ellipse Foundation (alguns detalhes sobre o CAV e a exposição aqui). Com DJ-set.
Hmm... a espreitar!

Da exposição, só sei que vem com selo de qualidade. Já o espaço... é um edifício muito bonito, o Antigo Colégio das Artes, recuperado há poucos anos e tem claustros que abrem para um pequeno jardim. Fica no Pátio da Inquisição e, apesar da história sombria que carrega, é um lugar a conhecer. Porque é que ainda não te levei lá?...

há música no ar






















Em semana de Queima não se estranha nada nesta cidade. Mas ouvindo a música que vem do Estádio e enche o espaço em volta começo a pensar se não deveria comprar bilhetes para o grande concerto do próximo sábado...

(Até sábado, Ju? E obrigada a ti -aos dois-, por tudo e pela sopa ;)

Da ida ao Feito Conceito, só um batido de ananás. Porque declinei a oferta de umas sandálias lindas!! Parece que o Baile de Gala esgotou as mãos no cabeleireiro. Não faz mal, fico com uma desculpa para lá voltar no sábado!

Mais uma Feira do Livro. Comprei um livro, trouxe quatro. Nada mal. Fiquei com vontade de voltar aos alfarrabistas e... de comprar uma ampulheta das antigas. Se não for a Lisboa antes, tenho que estar atenta às datas das próximas Feiras dos Trastes (ou, como é agora chamada, Feira das Velharias, um nome politicamente mais correcto; mas eu encosto-me à nostalgia e lembro-me bem de como e por mão de quem começou).

3 de maio de 2007

uma palavra em doze línguas (# 7)


de retalhos






Este cresce timidamente, ainda sem saber bem como vai acabar. Espera ser um quilt de bebé.

Não pode sair diferente do previsto porque não chegou a ser previsto. Não teve direito a esquemas de traços e cor. Mas abriu caminho a alguns desenhos. É uma genuína manta de retalhos, ou quilt, de principiante! No entanto, sendo o padrão mais simples, tem algumas características interessantes, como as variações que se podem fazer e que dão origem a trabalhos tão bonitos, ou a ideia de que a aplicação destas tiras de tecidos cosidas em bloco poderá ter tido origens independentes em vários pontos do planeta, em tempos diferentes. Evolução convergente no mundo dos tecidos! :)

E depois, fazer coisas ao retalhos não só ajudam a avançar devagar mas com resultados visíveis (cada bloco é uma vitória, trabalho acabado!), como ainda se prestam a ideias originais, como fazê-los de papel.
















De retalhos de papel a retalhos de cor, a minha nova aquisição para a galeria dos objectos-que-nos-tornam-mais-felizes: um lindíssimos postal do Hundertwasser. Oferta da Sara, que também me emprestou um livro sobre ele a as suas 5 peles e me levou a casa dele.

(obrigada outra vez, Sarita!)

2 de maio de 2007