26 de abril de 2007

fogo de vista


















adivinha





















A que história corresponde a fotografia?

a) No 24º aniversário do seu casamento, o Sr. José Mero, calvo, com uma barriguinha proeminente e farta bigodaça, dirigiu-se ao horto do Sr. Knoderer para reparar o "bouquet" de rosas que tinha comprado havia dez minutos para sua esposa, dona Adosinda Feliciano, empregada já antiga da escola preparatória. O plano era surpreendê-la à porta do balneário feminino onde todos os dias, às 9 em ponto, dona Adosinda fazia a "ménage" do local. Afinal, em 24 anos de casamento, nunca o Sr. José tinha oferecido flores à sua esposa e só por uma vez, curiosamente no primeiro ano, se lembrara da data. Mas ainda era tempo. Infelizmente a falta de prática ditou que logo à saída do horto, enquanto acendia um cigarro, as rosas vivas tentassem escapar, caíndo duas ou três numa poça de óleo da garagem "Renault" associada ao horto, um negócio muito comum naquelas paragens. Logo o Sr. José voltou atrás para que lhe reparassem a desgraça, o que lhe custou 10 euros. "Por este preço ainda bebia umas boas 1664 fresquinhas", pensou José Mero enquanto afagava o "moustache". "Ser casado dá uma trabalheira!" Mas quem mais lhe iria cozinhar o "magret de canard" de que tanto gosta?

b) Estávamos no dia 24 de Abril do ano da graça de 2007, num país chamado "la France". Dois dias antes um senhor pequenino (mesmo pequenino, nunca maior que o Marques Mendes ou o Pinguim, inimigo visceral do Batman), que apesar de ser fascista fazia de conta que era democrata, tinha ganho a primeira volta das eleições presidenciais do país. A candidata de esquerda ficara em segundo lugar, ganhando assim direito a disputar a segunda volta contra o senhor pequenino (nunca maior que um meco de estrada). "Onde já se viu uma mulher querer ser presidente!?" Enquanto comentava a actualidade política José Mero estava na casa dos peões: ía começar mais um "jeu d'échecs" contra um dos seus amigo de longa data, Jean Pierre Papin, antigo futebolista campeão europeu pelo Olympique de Marseille em 1993. Antes tinham estado a jogar à "pétanque" mas o calor começara a apertar. Ainda antes, José Mero tinha ido tratar do pneu da sua bibicleta. "10 euros?! Por um tip-top mais mão de obra?! Um roubo!" Nunca mais voltaria àquela maldita "garage"!

c) O Sr. José Mero há já uns tempos tinha um furo lento num pneu da sua "voiture". Quando finalmente decidiu reparar o problema, dirigiu-se à "garage" Speedy, apesar de ter ouvido dizer que "aquilo era só ladrões". Após duas horas em que deram descanso ao pneu, e como são ladrões experientes, um olhar bastou para fazer o diagnóstico: o pneu não só estava furado como estava deformado, falecido, arrumado, "irréparable". Mas como são ladrões porreiros, dois pneus novinhos em folha de uma marca insuperável no mercado, Speedy, apenas custariam 200 euros. "Então muito "bonjour", passem bem e continuação de bons roubos", disse José Mero enquanto levava de volta o seu pneu incompetente na arte de ter furos mais rápidos. Dirigiu-se então à "garage" do Sr. Knoderer, onde por 10 euros e em cerca de... vá... 5 minutos um "monsieur" muito simpático lhe resolveu o problema. "Aquilo no Speedy é mesmo só ladrões" disse José Mero pensando nos 190 euros que não gastou...

d) Todas as anteriores.

e) Nenhuma das anteriores.

a lembrar...















Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos porquê?

Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado
e passamos a sofrer pelas nossas projecções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos,
por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente connosco,
mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos
e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!

A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional....

Carlos Drummond de Andrade

na secretária, em vairão







... mas tão longe daqui!!!

24 de abril de 2007

auto-retrato


a dois

voltar a lisboa depois de nós



















Já não tem a memória de Fevereiro, de um Inverno tímido. Desta vez mostrou uma Primavera despudorada, a tentar fazer-se Verão.

Caminhei muito, descobrindo novos padrões das tuas -minhas- calçadas. Saltei entre amigos, perdi-me sozinha nas ruas rectas da baixa pombalina, deliciei-me com o sol e encantei-me com o novo bébé do Outono. Passei as primeiras manhãs entre o computador e o ron-ron silencioso da Arisca.

Voltei aos mesmo sítios e conheci outros. Alguns muito estranhos. Pelo caminho, parei para ouvir Jay Jay Johanson ao piano.















Na hora de regressar, deixei-me ficar. Voltei mais uma vez à baixa, tomei chá na Confeitaria Nacional e celebrei o fim do coelhinho, a especialidade da casa (não a minha...).

Temos novos livros na prateleira, tenho pequenos objectivos nas mãos.













Antes de voltar a fazer a mochila, ainda houve tempo para me juntar à festa do cinema independente. E redescobrir os velhos cinemas com porta para a rua.

xiça penico!!

23 de abril de 2007

retrato um pouco auto...


...porque ela é parte de mim.

21 de abril de 2007

calçada #2
















Esta é a Cidade, e é bela.
Pela ocular da janela
foco o sémen da rua.
Um formigueiro se agita,
se esgueira, freme, crepita,
ziguezagueia e flutua.

Freme como a sede bebe
numa avidez de garganta,
como um cavalo se espanta
ou como um ventre concebe.

Treme e freme, freme e treme,
friorento voo de libélula
sobre o charco imundo e estreme.
Barco de incógnito leme
cada homem, cada célula.
É como um tecido orgânico
que não seca nem coagula,
que a si mesmo se estimula
e vai, num medido pânico.

Aperfeiçoo a focagem.
Olho imagem por imagem
numa comoção crescente.
Enchem-se-me os olhos de água.
Tanto sonho! Tanta mágoa!
Tanta coisa! Tanta gente!
São automóveis, lambretas,
motos, vespas, bicicletas,
carros, carrinhos, carretas,
e gente, sempre mais gente,
gente, gente, gente, gente,
num tumulto permanente
que não cansa nem descança,
um rio que no mar se lança
em caudalosa corrente.

Tanto sonho! Tanta esperança!
Tanta mágoa! Tanta gente!

António Gedeão

variações


















I Heard It Through the Grapevine
foi escrita em 1967 por Norman Whitfield e Barrett Strong da Motown, uma editora que desempenhou um papel importante na integração da música "racial" na sociedade americana. A música foi gravada pela primeira vez com Smokey Robinson & the Miracles como vocalistas, mas essa versão, a original, foi vetada por Berry Gordy, director da Motown. A segunda versão gravada pelos The Isley Brothers também não passou o crivo da direcção. Seguiu-se Marvin Gaye que trabalhou a música durante dois meses antes de a gravar com The Andantes e The Funk Brothers sem melhor sorte. A quarta tentativa, bem sucedida finalmente, foi feita por Gladys Knight & the Pips. Esta acabou por ser a primeira versão editada e atingiu o segundo lugar nas tabelas americanas no ano de 1967. Mas Marvin Gaye não desistiu: gravou uma nova versão que lhe garantiu o primeiro lugar nas tabelas em 1968. Desde então tem sido refeita dezenas de vezes por diversos músicos como Ben Harper, Joe Cocker, The Cowntdown Singers, Creedence Clearwater Revival, Roger, Barbara Dickson, Kaiser Chiefs, Ella Fitzgerald, The Slits entre muitos outros.


Marvin Gaye


The Slits


Kaiser Chiefs


Roger

Fonte: wikipedia (como sempre... ou quase...)
Foto: Gladys Knight & the Pips

sons às rodelas (VII)



















Depeche Mode - Violator (Mute Records, 1990)

"I’m the greatest thing since sliced bread on one hand and the lowest creature from the black lagoon that you can possibly imagine on the other side."
David Gahan, aqui.

acções

- Hola, soy paraguayo y estoy aquí para te matar.
- ¿Para qué?
- Paraguayo.

18 de abril de 2007

soltas















Se o PNR tivesse assistido a este programa ontem à noite talvez percebesse melhor o absurdo do seu cartaz. A ignorância é uma das mais perigosas condições humanas; a memória cultiva-se.

Ontem voltei ao ioga, depois de duas semanas sem lá ir por dois bons motivos. Choveu no final da aula. Antecipámos o arco-íris e o cheiro a terra molhada.

Sinto-me a irmã do meio. Cheguei depois do mano mas antes da mana. Os três no mundo da utopia.

A prima Aleka tratou do programa para logo à noite. Eu aproveitei a dica para tratar do programa de amanhã à tarde.

O tema da nova colecção de selos dos CTT está a concurso. Na primeira fase votei nos brinquedos antigos portugueses, razões do coração. Uma infância eterna. Desta vez razões do coração aliam-se a razões mais práticas e solidárias e embora a proposta de selo não seja particularmente bonita, a causa é. A autora pretende canalizar os 1500 euros do prémio para o combate ao abandono e sobrepopulação de gatos na zona do Porto. Votei.

Para acreditar melhor nos dias grandes e mais luminosos passeio-me com sapatos de menina pelo eixo Porto-Lisboa, com paragem obrigatória em casa.

Um prato de louça antiga. Tão antiga que já não se consegue ler o selo verde da fábrica que o fez nascer. É um tesouro da cozinha da minha mãe que cobiço só para mim.

16 de abril de 2007

15 de abril de 2007

staring girl









I once knew a girl
who would just stand there and stare.
At anyone or anything,
she seemed not to care.










She'd stare at the ground,













she'd stare at the sky.











She'd stare at you for hours,
and you'd never know why.














But after winning the local staring contest,













she finally gave her eyes
a well-deserved rest.


Tim Burton
Staring Girl (in The Melancholy Death of Oyster Boy and Other Stories)

calçada



















É inda quente o fim do dia...
Meu coração tem tédio e nada...
Da vida sobe maresia...
Uma luz azulada e fria
Pára nas pedras da calçada...
Uma luz azulada e vaga
Um resto anónimo do dia...
Meu coração não se embriaga
Vejo como que em si o dia...
É uma luz azulada e fria.

Fernando Pessoa

sons às rodelas (VI)



















Blondie - Eat to the Beat (Chrysalis, 1979)

"I wish I had invented sex."
Deborah Harry

tchékhov















A 40ª produção da Escola da Noite, Tchékhov e a arte menor, devia ter acabado ontem, mas vai ainda ter três sessões extras, dias 19, 20 e 21 de Abril.

Compreende-se porquê.

Seis peças de Tchékhov em um acto, repartidas por três horas de espectáculo. Um excelente trabalho de actores. Duro, bem conseguido. Com uma encenação cénica que permite uma maior proximidade com a história, tornando-nos inclusivé participantes.

Gostei. E é sempre refrescante ver espectáculos ao vivo.

(obrigada, Meli ;)

14 de abril de 2007

procurando






novos caminhos,
outros começos,
objectivos diferentes,
fins esperados,
risos conhecidos,
velhos sonhos,
sonhos nunca sonhados

porque hoje é dia 14 de abril












Eu conheço dois meninos
que em tudo são diferentes.
Se um diz: "Dói-me o nariz!"
o outro diz: "Ai, meus dentes!"

Se um quer brincar em casa,
o outro foge para o monte;
e se este a casa regressa,
já o outro foi para a fonte.

É difícil conviver
com tanta contradição.
Quando um diz:"Oh, que calor!",
"Que frio!" - diz o irmão.

Mas quando a noitinha chega
com suas doces passadas,
pedem à mãe que lhes conte
histórias de Bruxas e Fadas.

E quando o sono esvoaça
por sobre o dia acabado,
dizem "Boa noite, mãe!"
e adormecem lado a lado.

Os dois irmãos, Maria Alberta Menéres



Parabéns!!

era assim:


era assim:
queres?
queres algo?
queres desejar?
desejas querer?
desejas-me?
desejas querer-me?
queres desejar-me?
queres querer-me?
queres que te deseje?
desejas que te queira?
queres que te queira?

quanto me queres?
quanto me desejas?

ah quanto te quero
quando te quero
quando me queres...

um calculador de improbabilidades
Quimera, 2001

13 de abril de 2007

72 horas de Primavera


When you're near
there's such an air
of spring about it
(...)


Cole Porter.Every time we say goodbye

12 de abril de 2007

uma palavra em doze línguas (V)




vážka
libelo
οδοντόγναθα
trollsländor
libella
szitakötõ
juffertje
dragonfly
ważka
منسوب الماء
guldsmede
libelinha

o som na luz e a luz no som


















O novo álbum dos Blasted Mechanism, Sound in Light (Toolateman, 2007) é um trabalho de colaborações. E de músicos tão diferentes como os Transglobal Underground, António Chaínho, Dani Macaco, Rão Kyao ou Nidi D'Arac. Juntando estes ingredientes à habitual fusão sonora e a uma pitada de inovação visual só se poderia prever, no mínimo, uma boa posta à mirandesa. Infelizmente o resultado final afasta-se da glória prevista. O álbum ordena o mau, o assim-assim e o bom. Começa muito mal com as músicas escolhidas para cara do álbum - já começa a ser tradição esta tendência para publicitar o pior (ou então confundo o comercial com o mau) - continua tentando endireitar a coluna e termina, aí sim, com a verdadeira evolução espacial de Balayashi, as origens tribais da banda. O álbum acaba por ser um bife com batatas fritas e ovo a cavalo que substituiu uma qualquer refeição ranhosa em cima da meta. Sabe a pouco quando nos prometiam uma posta à mirandesa.

Felizmente os Blasted decidiram servir também a sobremesa: o cd permite o download de mais 10 músicas originais que formam um novo álbum (ou um segundo cd do mesmo álbum), Light in Sound. E aí sim conseguiram finalmente transpor para a música toda a energia conceptual que emanam. Experimental e muito bom. Como é óbvio por si só nunca venderia. E todos nós precisamos de pão para comer...

PS. Da nova imagem estilo Power Rangers (Ricardo dixit e muito bem) prefiro não falar.

7 de abril de 2007

para tornar os dias mais simples



The Muppets

para dias menos simples



Quando os regressos forem a excepção.
Quando os regressos não trouxerem uma nova partida.
Então teremos tempo para inventar novos programas.
Como aprender o nascimento de um mural,
entrar nos pensamentos do seu autor e depois ir vê-lo com olhos de ver.

E perceber as palavras que Picasso usou na altura: "A pintura não é feita para decorar apartamentos. É um instrumento de guerra contra a brutalidade e a ignorância".

6 de abril de 2007

serviço público




















A noticia está aqui.

o mundo da lola






sons às rodelas (V)



















ZZ Top - Tres Hombres (Warner Bros, 1973)

"Better to have it and not need it than need it and not have it."
Billy Gibbons

4 de abril de 2007

a culpa está nos genes

Aparentemente, a equipa de um dos criadores dos adesivos de nicotina, Jed Rose, conseguiu isolar genes relacionados com o vício do tabaco.
A notícia está aqui. Sem referência à revista onde saiu publicado o estudo, procurei no sítio mais óbvio (até porque aqui não há engenheiros Orlandos que me impeçam de o fazer ;), mas sem sucesso.
Seja como for, mantenho o meu cepticismo em relação a estas descobertas. Temos que ser muito mais do que simples sequências de As, Gs, Ts e Cs...

evolução vs revolução














(porque pediste, aqui fica a nota)
Evolution! Cause revolution implies going around in circles.

Travessa de Cedofeita, Porto
Numa terça-feira de Março, de Primavera, de sol.

hoje conheci muita música












Cortesia da prima Joani.
Prenda de anos; pedi um, recebi dois!