28 de maio de 2007

cuchulainn, o irlandês
























Há muito, muito tempo, numa altura em que a Irlanda estava dividida em cinco províncias, cada uma com o seu monarca, o governo das terras era atribuído ao membro do casal real que tivesse mais bens próprios. Medb, a rainha de Connacht e uma das mais poderosas rainhas da ilha, ao perceber que o seu marido, Ailill, era mais rico pela diferença mínima de um touro, decide conseguir um, custe o que custar. Mas não era um touro qualquer. Diziam que um igual só havia no Ulster, a província do Norte.

Ao perceber que o proprietário do touro não estava disposto a cedê-lo por contrapartida alguma, Medb decidiu reunir os exércitos das quatro províncias e invadir o Ulster para ter o touro pela força. Indo contra a profecia dos druidas, que viam o seu exército tingido de sangue pela mão de um único homem, decide avançar. Afinal, eram quatro exércitos contra um e seria impossível um só homem derrotar os melhores guerreiros da ilha. Ao chegar à fronteira do Ulster, avistaram um adolescente que na sua charrua contornou os exércitos pela esquerda. No código guerreiro irlandês isto significa que esta criança estava a declarar guerra aos exércitos da Rainha Medb.

Medb continuava a não ouvir as profecias. A partir daí, todas as noites mais de 100 homens apareciam mortos e o exército não avançava nem um palmo. Quem era esta criança? Pois, não era um adolescente qualquer, era Cuchulainn. Diziam que quando se enervava, o quadril e os pés viravam-se para trás, as tripas ficavam à vista, um olho entrava e o outro saía das órbitas e o corpo inchava de tal forma que duplicava de tamanho. Como demonstração de boa vontade, Cuchulainn propôs à Rainha Medb que todas as manhãs enviasse um único soldado para o combater. Enquanto durasse o combate, tinha autorização para procurar o touro. Como é óbvio rapidamente os soldados eram mortos e o exército não se movia. Mas no dia em que, usando os poderes persuasivos e turvadores do álcool, Medb convence Ferdiad, irmão de Cuchulainn, a enfrentá-lo, tudo muda...

Esta é uma parte do conto "Táin Bó Cúailnge", da mitologia irlandesa. "A melhor história do mundo!" dizem os irlandeses. Não sei se é mesmo a melhor do mundo, mas não é nada má... Está neste momento em cena na cave do restaurante/galeria/espaço cultural Le Baloard, em Montpellier, representado por Julien Masdoua, da Compagnie du Capitaine, que conta a história, e por Robert Tousseul, que a canta. E eu fui ver.

Acabou com esta música, nada mitológica:



E a imagem lá de cima é Cuchulainn, representado por John Duncan.

3 comentários:

Anónimo disse...

A história não é nada má.

Quase que chega aos pés dos nossos Lusiadas....

váparaforacádentro disse...

o cuchulain parece o stuart! estiveste a escolher ou os irlandeses sao todos iguais?

Zef disse...

Não escolhi, não. Se calhar são mesmo todos iguais.