22 de outubro de 2007

histórias e memórias


A melhor recordação que tenho da tia(-avó) Arminda é a da sua infinita vontade de nos entreter com histórias e pequenos truques com materiais naturais. Bom mesmo é lembrar-me dos serões no cantinho da lareira, na cozinha da casa da Carvalha, e dos fins de tarde no quintal da casa da Ponte, a fazer corações com umas pequenas ramificações que as videiras em forma de fisga desenvolvem...

Nunca aprendi a contar histórias (embora já tenha andado a contar contos nos cafés da baixa portuense!) e lembro-me de poucas habilidades quando as poderia aplicar. De cabeça, talvez dos helicópteros com as inflorescências da tileira do jardim em frente à casa de Avô*, da destruição das jovens papoilas no jogo do "galo, galinha ou pintainho?", dos relógios com...umas estruturas de um tipo de erva, que crescem num conjunto e mal se destacam começam a enrolar-se em espiral sobre si mesmas, lentamente.

Não é a nostalgia que me move, porque a evolução, em última análise, é sempre um factor positivo, mas é bom saber que conseguimos preservar a nossa história e as nossas histórias. Afinal, como disse o filósofo Gaston Bachelard, devemos sempre manter a nossa ligação com o passado enquanto incessantemente nos afastamos dele.

Por isto e por muitas outras razões, fiquei contente quando descobri a existência de um Museu da Pessoa em Portugal (já havia um no Brasil). É um projecto da Universidade do Minho, que (sic) tem como objectivo recolher e tratar os depoimentos das pessoas, para perpetuar a sua história e devolver à sociedade a experiência de cada um.

No próximo fim-de-semana decorre um congresso sobre a História Oral e a Memória.


*muitas casas, porque a família é grande :)

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