6 de janeiro de 2008

o palco eterno



All the world is a stage,
And all the men and women merely players:
They have their exits and their entrances,
And one man in his time plays many parts,
His acts being seven ages.
At first the Infant,
Mewling and puking in the nurse’s arms:
Then the whining school-boy, with his satchel
And shining morning-face, creeping like snail
Unwillingly to school.
And then the Lover,
Sighing like furnace, with a woeful ballad
Made to his mistress’ eyebrow.
Then a Soldier,
Full of strange oaths, and bearded like the pard,
Jealous in honour, sudden, and quick in quarrel,
Seeking the bubble reputation,
Even in the cannon’s mouth.
And then the Justice,
In fair round belly with good capon lin’d,
With eye severe and beard of formal cut,
Full; of wise saws and modern instances;
And so he plays his part.
The sixth age shifts
Into the lean and slipper’s pantaloon,
With spectacles on nose and pouch on side;
His youthful hose, well sav’d, a world too wide
For his shrunk shank; and his big manly voice,
Turning again toward childish treble, pipes
And whistles in his sound.
Last scene of all,
That ends this strange eventful history,
Is second childishness, and mere oblivion,
Sans teeth, sans eyes, sans taste, sans everything.
(II.vii)

W. Shakespeare
The Seven Ages of Man
In As You Like It


O mundo é um palco; os homens e as mulheres,
Meros artistas, que entram nele e saem.
Muitos papéis cada um tem no seu tempo;
Sete actos, sete idades. Na primeira,
No braço da ama grita e baba o infante.
O escolar lamuriento, após, com a mala,
De rosto matinal, como serpente
Se arrasta para a escola, a contragosto,
O amante vem depois, fornalha acesa,
Celebrando em balada dorida
As sobrancelhas da mulher amada.
A seguir, estadeia-se o soldado,
Cheio de juras feitas sem propósito,
Com barba de leopardo, mui zeloso
Nos pontos de honra, a questionar sem causa,
Que a falaz glória busca
Até mesmo na boca dos canhões.
Segue-se o juiz, com o ventre bem forrado
De cevados capões, olhar severo,
Barba cuidada, impando de sentenças
E de casos de prática; desta arte
Seu papel representa.
A sexta idade
Em magras pantalomas tremelica,
Óculos no nariz, bolsa de lado,
Calças da mocidade bem poupadas,
Mundo amplo em demasia para pernas
Tão mirradas; a voz viril e forte,
Que ao falsete infantil voltou de novo,
Cicia e sopra ao cantar.
A última cena,
Remate desta história aventurosa,
É mero olvido, uma segunda infância,
Falha de vista, dentes, gosto e tudo.

Tradução de Carlos Alberto Nunes (tirada daqui)

2 comentários:

Anónimo disse...

Lindoooooooooo!
E o ano ainda está a começar ;)
Beijinhos
Sandra

rita disse...

espera, que há mais! foi demasiado bom para não ficar bem registado :)