27 de fevereiro de 2008

assimétrico

Na semana em que o Sr. Sócrates se congratula com o seu bom trabalho à frente do governo, ficámos a saber que Portugal é um dos países em que as crianças correm maiores riscos de pobreza.

Enquanto o Sr. Sócrates se felicita pelo sistema educativo português e pelo seu programa de Novas Oportunidades, traduzem-se em números as situações de desemprego entre licenciados. O que vejo, enquanto professora no ensino superior e mãe de uma aluna no ensino básico, é um facilitismo gritante, um baixar de exigências e competências que não augura nada de bom para a formação desta população escolar, que se estenderá ao país. O futuro da língua portuguesa também parece comprometido mas o investimento sério é na língua inglesa (o bom desempenho na língua materna não deve ter muito peso em Bruxelas).

As assimetrias crescem e disseminam-se pelos vários sectores da sociedade. Hoje pondero a hipótese de matricular a Mariana numa boa escola privada, onde poderei exigir exigência. Noutra situação, não hesitei em gastar duas centenas de euros para que ela tivesse o melhor mas também o mais expedito atendimento médico. Não deveria ter sido preciso. Há quem não possa optar entre tempo e dinheiro.

São assim os dias cinzentos, no rescaldo desta exposição e da sua confrangedora actualidade.
Talvez amanhã faça sol.

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