as pedras do caminho
Um caminho faz-se apanhando pedrinhas. E conchas e flores. E umas coisas brilhantes - parecem cristais, serão escamas. Sementes e coisas que parecem não servir para nada. E pimenta e açafrão. À procura do mistério das coisas, em dias felizes.
(Kusamba, Bali, Indonésia)
vêm sôfregos os peixes da madrugada
beber o marítimo veneno das grandes travessias
trazem nas escamas a primavera sombria do mar
largam minúsculos cristais de areia junto à boca
e partem quando desperto no tecido húmido dos sonhos
vem deitar-te comigo no feno dos romances
para que a manhã não solte o ciúme
e de novo nos obrigue a fugir
vem estender-te onde os dedos são aves sobre o peito
esquece os maus momentos a falta de notícias a preguiça
ergue-te e regressa
para olharmos a geada dos astros deslizar nas vidraças
e os pássaros debicam o outono no sumo das amoras
iremos pelos campos
à procura do silente lume das cassiopeias
Al Berto
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