8 de maio de 2007

amor dos fogos
























.... vêm sôfregos os peixes da madrugada
beber o marítimo veneno das grandes travessias
trazem nas escamas a primavera sombria do mar
largam minúsculos cristais de areia junto à boca
e partem quando desperto no tecido húmido dos sonhos
.... vem deitar-te comigo no feno dos romances
para que a manhã não solte o ciúme
e de novo nos obrigue a fugir....
.... vem estender-te onde os dedos são aves sobre o peito
esquece os maus momentos a falta de notícias a preguiça
ergue-te e regressa
para olharmos a geada dos astros deslizar nas vidraças
e os pássaros debicarem o outono no sumo das amoras....
.... iremos pelos campos
à procura do silente lume das cassiopeias...

Amor dos Fogos, Al Berto

1 comentário:

Anónimo disse...

Foi ao tentar descobrir se a palavra "silente" deste poema existia mesmo que um dia alguém descobriu que "silêncio" não estava no dicionário...