bolinhos e bolinhós
Há alguns anos, eu, o meu irmão, as primas Aleka e Joana e todos os miúdos da vizinhança corríamos as ruas do Calhabé a cantar*.
Mais tarde, até há 3 anos, foi a vez da minha menina, do Guigo e da amiga Mariana correrem os prédios da Solum a cantar*.
Era a noite de sair de casa com as máscaras de papel, feitas em caixas pedidas nas lojas locais, uma vela acesa e um saco de pano preso no braço e correr as ruas próximas, bater às portas, cantar os Bolinhos e Bolinhós e voltar para casa com pequenos mas valiosos tesouros (havia sempre um pouco de tudo, desde castanhas a moedas), que repartíamos justamente entre todos.
Agora ela arranja-se para uma noite de Halloween... Escolhe roupa escura, testa o contorno do lápis preto nos olhos e perde tempos infinitos a decidir entre esta pulseira ou aquele anel.
De repente, parece que a substituição da velha tradição dos Bolinhos e Bolinhós pela anglo-saxónica festa do Halloween corresponde ao fim de uma época. Afinal, já só faltam 15 dias para ela entrar nos teens (outro "anglo-saxonismo"!)...
*Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós
Para dar aos finados
Que estão mortos
Enterrados
À porta daquela cruz
Truz Truz
A senhora que está lá dentro
Sentada no seu banquinho
Faz favor de vir cá fora
Para nos dar um tostãozinho.
(-se alguém abrir a porta)
Esta casa cheira a broa
Aqui mora gente boa.
Esta casa cheira a vinho
Aqui mora um santinho
(-se ninguém vier à porta)
Esta casa cheira a alho
Aqui mora um espantalho.